Ateliers Varan iniciam curso de formação em audiovisual com alunos recifenses
A PCR é parceira na iniciativa. A formação durará sete semanas e terá como produto final 10 documentários que serão exibidos em setembro
A sensibilidade traduzida em filme a partir da percepção de 10 jovens com um sonho: trabalhar com cinema. O tema "Água e Meio Ambiente" não podia ser mais adequado ao cenário do Recife. Para atender as aspirações dessas pessoas, um curso com grandes cineastas de todo o mundo. Desta forma, foi iniciada nesta segunda-feira (1º), a formação em audiovisual H2O Cine Recife dos Ateliers Varan, instituição francesa referência em produção cinematográfica. A iniciativa tem a parceria da Prefeitura do Recife, por meio do Gabinete de Representação e Relações Internacionais, e acontece nas Faculdades Integradas Barros de Melo (AESO).
Os alunos escolhidos para participar, após um amplo processo de seleção, já no primeiro dia de curso tiveram a oportunidade de começar na prática a entender como se faz cinema. Em sua maioria, os jovens não têm experiência na produção de documentários e o primeiro passo foi conhecer o equipamento. Todos estão trabalhando com kits completos de aparelhos para vídeo e som, incluindo câmeras HD digital, microfone e acessórios.
O ensino dos Ateliers Varan é totalmente baseado na prática e durante sete semanas a oficina será em tempo integral, com aulas pela manhã e à tarde. É através da experiência de fazer um filme que o aluno absorve as noções técnicas de enquadramento, ponto de vista, dramaturgia, importância do som entre outras questões relacionadas à produção de audiovisual. Toda a formação é gratuita e patrocinada por instituições da França.
A bacharel em direito e estudante de cinema, Juliana Gleymir, organiza um Cine Clube em penitenciárias femininas e casas socioeducativas, e ficou sabendo do curso por meio dos professores da Universidade Federal de Pernambuco. "Está sendo muito bom porque de fato já no primeiro dia a gente nem conversou muito entre si e foi direto para a prática. Você sente que este é o centro de todo o curso. Estou empolgada com a oportunidade", contou.
Antes de começar as aulas, os participantes já tiveram 10 dias para pensar sobre os temas que serão abordados em seus documentários. O curso promoveu um encontro deles com as principais instituições locais que trabalham com meio ambiente e a bacia do Rio Capibaribe. Nesta terça (2), no segundo dia de curso, eles já vão discutir os roteiros com os professores e representantes dessas organizações.
"O momento de iniciação possui cinco exercícios. Hoje, o desafio foi a produção de um filme com até dois minutos baseado no conceito dos poemas japoneses Hai-Kai. O curso dos Ateliers Varan é muito conciso e rápido, mas muito completo. Acredito que o tema abordado nas produções vão trazer relevância para a cidade", explanou a professora Adriana Komives.
No dia 17 de setembro, as atividades do curso se encerram no Cinema São Luiz, com uma grande mostra dos 10 vídeos-documentários produzidos pelos alunos. Apoiam a iniciativa o Instituto Francês no Brasil – Recife, Portomídia, Universidade Federal de Pernambuco, e a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco. O H2O Cine Recife conta produção local da Proa Cultural e com o patrocínio da Région Île de France, da Prefeitura de Nantes e da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).
Sobre os Ateliers Varan - Criados em 1978 por Jean Rouch, em pareceria com o Ministério das Relaçoes exteriores da França, tinha por objetivo inicial proporcionar o acesso à produção de audiovisual. Foi assim que foram criadas oficinas na África do Sul, Papua Nova-Guiné, Colômbia, Bolívia e Camboja, por exemplo. Em 1981 os Ateliers Varan estiveram no Brasil pela primeira vez para uma oficina na cidade de João Pessoa. Em 2015 voltaram para uma oficina de roteiro para documentário em São Paulo, numa parceria com o SESC.
Os Ateliers Varan, com o respaldo de sua prática e de sua pedagogia, desejam agora desenvolver cursos em torno de temáticas fundamentais que fazem parte da realidade em diversas partes do mundo, mas que ao mesmo tempo implicam em uma mobilização e uma tomada de consciência internacionais.
Os Ateliers Varan propõem aos estudantes uma maneira livre de contar sua realidade, sem nenhum compromisso com formas pré-estabelecidas e sim segundo o seu próprio ponto de vista. As oficinas mais recentes foram as de São Paulo, Portugal, da ex-Iugoslávia, Vietnã e Afeganistão.